sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

             Desde 2001 crianças e adolescentescom deficiência em BeloHorizonte são beneficiadas na rede pública de ensino, pois contam coma ajuda de estagiários e instrutores para auxiliá-los durante as aulas.Segundo Jussara Fátima Liberal, gerente de educação da Regional Noroeste, a inserção dos estagiários ou instrutores nas escolas aconteceu para facilitar a interação do deficiente com o professor e os outros alunos da sala e, dessa forma, melhorar seu desenvolvimento durante o ano letivo.
         O projeto atende atualmente a 323 crianças matriculadas em 24 escolas diferentes de Belo Horizonte. Para participar
do projeto o candidato,primeiramente, precisa se inscrever no site da Prefeitura de Belo Horizonte( PBH) e, de acordo com as necessidades das escolas, será selecionado para uma entrevista com a diretora.Entretanto, para que ocorra essa etapa final são levadas em consideração outras características do candidato, como
a localização de sua residência. "São consideradas a proximidade da residência dele com a escola e se possui aptidão para trabalhar com crianças",explica Jussara Liberal.
       Patrícia Cristina dos Santos, mãe de Patrick, que possui deficiência auditiva, diz que depois que a prefeitura disponibilizou uma instrutora de libras na UMEI, o desenvolvimento de seu filho melhorou muito. "Antes da instrutora no meu modo de ver, ele ia mais para escola para brincar, porque não entendia o que estava acontecendo,o que estavam falando. Agora já melhorou a escrita, sabe escrever o nome e se comunica mais", afirma.
          Wuanda Nascimento, estagiária de Maria Eduarda Ferreira, de três anos, que possui paralisia cerebral,também ressalta as modificações no desenvolvimento da criança desde o início do trabalho, em agosto de 2010. "A Maria Eduarda desenvolveu muito. A coordenação motora dela melhorou, ela já pega na canetinha e tenta fazer os desenhos",conta.
         A mãe de Maria Eduarda, Vera Lucia Ferreira, acredita que o fato da estagiária entender a filha e das duas terem uma ótima relação, ajudou na adaptação e no desenvolvimento dela dentro da escola. "Ela entende as vontades dela, ela sabe o que ela quer e a Maria Eduarda a adora”, ressalta.
         Além de ajudar as crianças, a presença das estagiárias na sala de aula,segundo a coordenadora da UMEI,Márcia Maria Dias, ajuda também os professores. "Eles ficam menos sobrecarregados e aprendem a lidar mais com as especificidades das crianças com deficiência", afirma.Kênia Rezende, professora de Patrick, também compartilha dessa opinião, pois, afirma que o acompanhamento realizado pelo estagiário não só ajuda os alunos, mas também o seu trabalho. "Ela não está ensinando só ele, ela está me ensinando e está ensinando a turma", explica.
         A inclusão de crianças com deficiências na sala de aula, segundo a coordenadora da UMEI, é importante, pois, as outras crianças aprendem a lidar com a deficiência com naturalidade. "Para as outras crianças taxadas normais, ter um convívio com crianças especiais é importante, pois eles aprendem a respeitar, aprendem a cuidar, você vê o respeito crescendo com a idade.Além de respeitarem, eles tem normal o diferente. Eu acho isso bonito,porque com isso eles vão chegar lá fora e vão ver pessoas cegas, surdas,ou com qualquer outro tipo de deficiência e não vão se chocar", diz.
A instrutora Daniésia Rocha auxilia e acompanha o aluno Patrick Santos durante as aulas fazendo a interpretação de libras para ele.
           TREINAMENTO Quando as estagiárias da inclusão são selecionadas elas recebem um treinamento que é comum a todas as demais estagiárias da prefeitura. "Elas recebem um treinamento que é para todos os estagiários da Prefeitura de Belo Horizonte não somente os da inclusão", explica a gerente de educação da Regional Noroeste. Durante esse treinamento é explicado, segunda Wuanda, sobre diversas deficiências físicas ou mentais e sobre os direitos e deveres de um estagiário.
      Entretanto, para Márcia Dias,deveria existir um treinamento mais específico para cada tipo de deficiência,pois, segundo ela, as estagiárias chegam lá quase sem nenhuma informação, o que dificulta o trabalho."O treinamento deveria ser obrigatório,eles deveriam vir aqui e treinar as professoras e as estagiárias antes do início do trabalho. Deveriam ensinar como trabalhar com aquela criança, quais vão ser suas limitações, facilidades, porque assim a gente não se cobra tanto. Eu, por exemplo, quando fico sabendo qual vai ser o tipo de deficiência que a próxima criança incluída vai ter,pesquiso na internet e passo para as estagiárias", explica. Além disso, ela também diz que essa é a única deficiência que o programa apresenta, já que, em relação aos materiais como livros, vídeos,cadeiras especiais, que as crianças precisam a prefeitura sempre envia.
       Jussara Liberal esclarece que,durante o estágio, a Prefeitura envia uma técnica pedagógica, que vai à escola verificar como está sendo realizado o trabalho e oferece mais informações sobre o deficiente que está sendo acompanhado."A própria escola aponta os casos, e a acompanhante vai vendo a necessidadede estar colocando esses estagiários mais preparados para lidar com as crianças. Mas, para nós, é ainda um desafio lidar com isso", desabafa.     
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário